Nicholas Gonçalves - 30 de junho de 2013
A adaptação ao cinema do livro homônimo de Max Brooks evita o formato de história oral - no livro, o jornalista refaz a trajetória da guerra contra os zumbis com depoimentos de pessoas ao redor do planeta afetadas pelo conflito.
Guerra Mundial Z(World War Z) foi programado para ser uma trilogia e deveria ter estreado no fim do ano passado, mas o resultado final não agradava a Paramount que encomendou a refilmagem de todo o seu 3° ato e ao custo de estimados US$ 200 milhões(quase R$ 440 milhões) acabou virando o mais caro filme de zumbis da história.
A produção foi marcada por atrasos, adiamentos, roteiro reescrito e muita boataria na internet, incluindo brigas ferrenhas entre o produtor e astro Brad Pitt e o diretor Marc Foster("A Última Ceia", 007 - Quantum of Solace). A proposta do longa com os trailers, era entregar um verdadeiro blockbuster de zumbis, recheado de efeitos especiais e explosões, mas sem a pegada fantasiosa da franquia Resident Evil.
A trama então pega do livro a premissa e mistura com algumas ideias e inventa uma subtrama para ancorar tudo e aproximar o espectador: o personagem Gerry Lane(Brad Pitt), ex-investigador das Nações Unidas habituado a conflitos ao redor do mundo, é incumbido de descobrir como conter a infestação(que é comparado a Gripe Espanhola, que matou milhões de pessoas) enquanto sua família estará a salvo no porta-aviões com o que restou do comando dos EUA. Assim, ele é obrigado a viajar pelo mundo, em áreas invadidas pelos mortos-vivos, para encontrar o chamado "paciente zero" e explicações de como enfrentar a epidemia.
Na Coréia do Sul, Israel e no Reino Unido, Gerry enfrenta uma multidão de zumbis, começando a juntar as peças e tentando descobrir a cura. O espectador não acompanha o filme do ponto de vista da humanidade, mas sim do ponto de vista de Gerry, sendo assim uma versão "clássica" obra de zumbis. Cenas em becos escuros, instalações desertas infestadas de zumbis, com sucesso o filme consegue passar as emoções em tela.
A produção é contida, devido a ingerência do estúdio para a classificação indicativa(Nos EUA, a censura é de 13 anos, no Brasil é de 12 anos) não restringir a audiência adolescente, assim nada de banhos de sangue, mutilações ou mesmo lutas entre infectados e humanos.
Como a dimensão política, foi reduzida e o desfecho á primeira vista não sugere uma sequência, fica a dúvida se o filme agradou aos envolvidos. O roteiro do filme parece incompleto, a introdução foi muito rápida e faltou um final digno para a trajetória de Gerry, é tudo muito rápido, estragando o resultado final de uma obra que tinha condições de ser algo diferenciado nesse universo saturado que é o universo zumbi.
O longa se apoia na atuação de Brad Pitt, que consegue segurar o filme, passando o sentimento em relação á situação, sendo o cara que pensa pela lógica não entrando em pânico, que não se deixa levar pela pressão dos acontecimentos. O filme imagina a situação na nossa realidade, todos sabem que zumbis são obras da ficção, o que torna tudo mais assustador, é como isso pudesse acontecer hoje ou amanhã.
Guerra Mundial Z é um bom filme do gênero, um bom entretenimento e apesar de seus defeitos consegue em parte fazer pensar como seria um apocalipse zumbi da perspectiva de conhecedor da mitologia. O filme já arrecadou em 2 semanas de exibição nos EUA, US$ 123, 7 milhões acalmando os ânimos da produtora Plan B e da Paramount. O longa está circulando em versões convencionais e em 3D.
Guerra Mundial Z - EUA - 2013
Gênero: Ação - Suspense -Drama
Duração: 116 minutos
Direção: Marc Foster
Roteiro: Drew Goddard, Damon Lindelof, J. Michael Straczynski, Max Brooks
Elenco: Brad Pitt, Mireille Enos, James Badge Dale, Matthew Fox, Fana Mokoena.
Imagens:
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